Diário do Movimento de Favelas Unidas do Butantã

“Ligação de Luz nas favelas do Butantã”

“Movimento das favelas unidas do Butantã”

 

Grupo “Assessoria”

Maria do Carmo

Maria Inês

Fernando

 

Representantes das favelas

  • Vila Nova Alba – Renato
  • Sapé – Raimundo Pereira
  • Jardim Ester – Alexandre
  • Vila Dalva – Roberto
  • Jardim Cambará – Eujácio Ferreira dos Santos
  • Educandário – Antonio José dos Santos
  • São Remo – Luiz Carlos Viatti
  • Jardim D’Abril – Joaquim ou Antonio
  • Jardim São Jorge – Maria Pinheiro Andrade (R. Aparecido Santos Dias,20)
  • São Domingos – Sr. Narciso / Sr. Conde /José/Sol – Ananias

 

1ª Assembleia 27/12/78

Local: SURS/BT

Horário: 20h00

Favelas Participantes: San Remo, Vila Dalva, Educandário, São Domingos, Jardim Pinheiros, Jardim Adalgiza, Sapé.

 

Os técnicos do plantão distribuíram convites aos abaixo-assinantes dos abaixo-assinados que deram entrada nesta AR através de processos de solicitação de luz.

Estiveram presentes na assembleia vários moradores das favelas acima referidas.

Foi explicado à população todo o trâmite dos processos dentro da prefeitura até chegar ao Sr. Prefeito para autorização da ligação de luz.

Houve o depoimento de vários favelados quanto à necessidade da ligação da luz elétrica em seus barracos.

Após várias discussões pensou-se (a população) em organizarem passeata para irem até a PMSP (Gabinete do Prefeito) reivindicar a luz nas favelas. Esta ideia não foi levada adiante até o final da reunião.

Decidiu-se fazer nova reunião no dia 20/01/79 para informamos à população como estava a situação dos processos.

Em votação por aclmação resolveram reunir-se na Igreja São Patrício (Av. Otacílio Tomanick – Rio Pequeno).

 

Número de pessoas – 80

 

Após contato com o Padre Quirano da Igreja citada, soubemos que dia 20 a Igreja estaria ocupada com suas atividades normais. Decidiu-se então pelo dia 27/01/79.

 

Técnicos da SURS/BT: Maria do Carmos, Vilú, Maria Inês, Fernando, Marilúcia, Cris e Carmem (Estagiária).

 

2ª Assembleia dia 27/01/79

Local: Igreja São Patrício (Rio Pequeno)

Horário: 19h00

Favelas participantes: San Remo, Vila Dalva, Jardim Adalgiza, Sapé, São Domingos, Jardim Pinheiros.

 

O convite foi realizado da mesma forma que a assembleia anterior.

A assembleia deu início às 20h00, além da população das favelas acima citadas, estavam presentes os técnicos da SURS (4), repórteres (Folha de São Paulo e Jornal da Tarde) e a TV Globo.

Demos início informando a quantas andava os processos – ainda se encontravam em COBES.

Após este dado, a população prestou vários depoimentos, inclusive aos repórteres e TV Globo.

As discussões ficaram em torno das necessidades de infraestrutura e saneamento básico das favelas. A população estava com faixas com dizeres de água e luz.

Até o final da assembleia decidiu-se por irem em concentração da população até o gabinete do Prefeito fazerem suas reivindicações no dia 07/02/79 (mais dados no anexo que segue esta folha).

No final reuniram em comissão – 1 representante de cada favela para então darem como se organizariam no dia 07/02.

Decidiu-se que eles mesmos fariam os convites e solicitariam ônibus para o transporte da população até o Ibirapuera (em anexo).

 

Nº de pessoas: Mais ou menos 400 (quatrocentas).

 

(Verificar imagem DRS 09)

 

Técnicos da SURS/BT – Maria do Carmo, Maria Inês, Fernando, estagiária Carmem. ATS – Assumpção.

 

Reunião dia 02/02/79

Local: SURS/ BT

Horário: 20h00

Representantes: Vila Nova Alba, San Remo, Vila Dalva, Sapé, Jardim Ester, Jardim Cambará, Jardim D’Abril, Educandário.

 

Convite aos representantes (anexo no verso desta folha) para a reunião.

Discussão sobre a concentração ou não da população no Ibirapuera. Colocamos que a ligação de luz havia sido autorizada pelo Sr. Prefeito, necessitando ir somente uma comissão de representantes ao gabinete no dia 07/02. Os representantes decidiram levar a ideia às suas favelas e com a população levantar dados para o ofício a ser levado ao Sr. Prefeito pelos representantes no dia 07/02.

Marcou-se a reunião dia 05/02.

Resolveram que no domingo (04/02) os representantes reuniriam a população em suas favelas para trazer os dados para a reunião do dia 05/02.

Desmobilizou-se os recursos anteriormente acionados para a realização da passeata.

 

Técnicos da SURS/BT: Maria do Carmo, Vilú, Maria Inês e Cristina.

 

2ª Reunião dia 04/02/79

Local: Paróquia São Domingos (Vila Nova Alba)

Horário: 16h00

Participação: população favela Vila Nova Alba

 

A representante da Vila Nova Alba, Maria de Fátima, colocou em reunião para os moradores da favela Nova Alba a ideia da comissão dos representantes ir até o gabinete do Prefeito. Ideia esta acolhida pela população.

A mesma população levantou suas necessidades e a partir daí os recursos e benefícios para a sua sobrevivência.

A representante fez uma listagem das solicitações que foram de luz, água, loteamento do terreno, creches, canalização de córregos, posto de saúde , etc.

A reunião terminou às 18h00.

 

Nº de pessoas: Mais ou menos 50 (cinquenta).

 

Técnico da SURS/BT: Maria Inês

 

Reunião dia 05/02/79 – Preparatório para despacho com o Sr. Prefeito

Local: SURS/BT

Horário:20h00

Representantes: San Remo, Vila Dalva, São Domingos, Educandário, Sapé, Jardim Ester, Vila Nova Alba e Jardim Cambará.

 

Os representantes das favelas trouxeram as listagens das solicitações feitas nas reuniões dos domingos com suas favelas.

Esta listagem foi transformada em ofício. Cada representante fez um ofício e todos assinaram.

Modelo do ofício que eles próprios elaboraram e passaram para o papel:

“Nós moradores da favela “tal”, através dos nossos representantes reiveindicamos para nossas favelas:

-Água;

-Luz;

-Loteamento do terreno;

-Creches;

-Canalização dos Córregos;

-Guias e sarjetas;

-Coleta de lixo;

-Rede de esgotos;

-Telefones públicos;

-Galpões mobral;

-Posto de Saúde;

-Policiamento

E no final: Nos também queremos acabar com a favela, loteando e comprando os terrenos para construirmos as nossas casas”.

Os ofícios foram feitos por favelas, não por assuntos.

Elegeram o Sr. Luiz Carlos Viotti representante da favela San Remo para ser o porta voz dos representantes junto ao Sr. Prefeito.

A reunião terminou às 23h15.

 

Técnicos da SURS/BT – Vilú e Maria Inês.

 

Despacho com o Sr. Prefeito dia 07/02/79

Local: Gabinete do Sr. Prefeito

Horário: 9h00

Participação: Representantes das favelas San Remo, Vila Dalva, São Domingos, Sapé, Educandário, Vila Nova Alba e Jardim Cambará.

 

Os representantes saíram da Igreja São Patrício (Rio Pequeno) na hora marcada com destino ao Ibirapuera.

Lá foram recebidos pelo Dr. Luis Felipe Soares Baptista (do gabinete do Sr. Prefeito) que os acompanhou até o Sr. Prefeito.

Entregaram os ofícios e falaram pessoalmente através do Sr. Luiz Carlos (da favela São Remo).

A TV Globo esteve presente, entrevistando os representantes e o Sr. Prefeito. A reportagem foi para o ar no mesmo dia 07/02 às 20h00 no “Jornal Nacional”.

Resultados do despacho estão nas reportagens dos jornais “O Estado de São Paulo” e “Notícias Populares” (em anexo no verso desta página).

 

(Verificar imagem DRS 18, 20 e 22)

 

Dia 07/02/79 – Algumas observações sobre a ida ao gabinete do Prefeito.

 

                Na realidade, na véspera 3ª feira tivemos uma reunião com Luis Felipe, no Ibirapuera, para colocá-lo a par da reivindicação dos moradores das favelas do Butantã (Carminha e Vilu).

Ficou combinado que não haveria políticos e que o próprio Luis Felipe acompanharia o pessoal. Eu iria apenas para apresenta-los.

Vilu

 

No dia seguinte do despacho encontrei com o pessoal às 8h40 na porta para o auditório.

Acompanhei-as até a porta. Fiquei na antessala repleta de gente.

Depois de uns 20 minutos saíram. Daí foi a minha vez de olhá-los angustiada. Minha primeira pergunta: “Quem entrou com vocês?”

– “o Dr. Luis Felipe”

– “graças à Deus”…

Olhei para o José, seus olhos estavam emocionados.

Em seguida foram rodeados pela imprensa, TV Globo e alguns políticos.

A partir daí, provocado pelo repórter da TV Globo, o Sr. Luis se abriu e partiu para declarações reais contundentes.

As entrevistas duraram uma meia hora.

Em seguida levei-os para conhecerem a Solange, mas ela não estava.

Na saída pediram para irem ao banheiro (acho que foi a tensão!…).

Alguns foram embora no carro do Roberto, os outros foram o Precioso (do CDM) que estava lá no gabinete do Prefeito com o Brasil Vita.

Combinaram que passariam no SURS às 8h00.

Eles estavam tão eufóricos com a entrevista que confundiram as reuniões.

Nesse dia apareceram 3 representantes: do Cambará e do Educandário.

Batemos um longo papo.

Contaram as suas lutas (um deles está desempregado), as suas brigas, os seus ansios.

Combinamos então a reunião de domingo.

Eles estão mobilizando todas as suas favelas.

Foi um dia longo, cheio de emoções, de muita alegria.

Eles estavam felizes porque “o Luis falou que foi uma beleza…” “As mãos tremiam muito, mas as palavras saíram perfeitas…”

“O Prefeito ouviu tudo que a gente disse…”

“Fez questão de apertar a mão de cada um de nós…”

“Eu disse pro Prefeito: Bom trabalho para o Sr. também…”

O Luis começou assim: Sr. Prefeito a gente está aqui sem nenhum político, porque essa luta é nossa, não é política…”

 

(“Queria muito falar com o Luis Felipe, será que eu posso?…”).

 

Aprendi muito hoje, sofri muito, vibrei muito.

Como é difícil saber até onde devemos ir, quando interferir, quando assistir apenas…

Vai ser difícil. A luta está apenas começando.

Temos muito ainda a aprender.

Vilu

 

*Eles estão começando a discriminar a Prefeitura e nós (SURS – Maria Inês, Vilu, D. Maria do Carmo). Parece não ser a mesma coisa para eles.

 

(Verificar imagens DRS 33, 34 e 35)

 

Assembleia dia 11/02/79

Local: Igreja São Patrício (Rio Pequeno)

Horário: 14h00

Participação das favelas: São Remo, Vila Dalva, Jardim Adalgiza, Sapé, São Domingos, Jardim D’Abril e Educandário e Vila Nova Alba.

 

                Chegamos à assembleia às 14h30 (Carminha e Maria Inês), já haviam iniciado (os representantes estavam no palco e a população no salão). Havia mais ou menos 500 pessoas.

Estavam discutindo os assuntos sobre o despacho com o Sr. Prefeito no dia 07. Os representantes colocavam para a população a conversa com o Sr. Prefeito.

Discutiu-se que tanto as informações nos jornais, quanto à conversa com o Prefeito estavam muito contraditórias.

“Ligar luz, mas não liga”, “Loteia-se o terreno ou não”, “E sobre o fundo? ”. Havia muita discussão entre os próprios representantes.

Assim que chegamos, convidaram-nos a participar da mesa. Deram à palavra à D. Carminha. Esta explicou que havia ido à Light no dia 09/02/79. Estavam na Light 5 pessoas, diretor da Light nesta área, engenheiros, D. Carminha e Dr. José Carlos Arruda e Silva (Administrador Regional do Butantã). D. Carminha falou sobre a reunião na Light.

Nesta reunião colocou-se para a Light que o Prefeito havia autorizado a ligação (processos), porém a light coloca alguns empecilhos, quanto à ligação se “As favelas não possuem condições técnicas para esta ligação, é perigoso o incêndio (com um medidor para cada barraco), devido aos barracos serem muito próximos uns dos outros”. “Não existem ruas e nem é possível abri-las devido ao grande número de barracos”.

O que podem fazer é ligar solicitando um medidor em um só poste e os moradores fazem a extensão para cada barraco.

Para o pagamento desta conta é necessário forma-se uma “comissão de moradores” da própria favela e a conta no nome de uma pessoa. Cada 15 barracos liga e vai a conta no nome de uma pessoa. E assim eles fazem o rateio entre eles e paga-se no final do mês”.

Surgiu daí várias discussões “mas assim continua a exploração do bico de luz”.

Sendo assim, vão ter que se organizar para que isto não ocorra.

Falou o Sr. Luis Carlos (Representante da São Remo), “no final do mês fazemos com que o responsável pela conta junto à light nos mostre o aviso de pagamento para podermos controlar”. E também “temos que pagar senão o responsável não poderá arcar sozinho com a conta, aí a Light corta a luz no 2º mês de não pagamento”.

Após esta discussão quiseram informações sobre o “Fundo” que o Prefeito havia falado aos repórteres.

  1. Carminha explicou que este fundo seria um subsídio para o pessoal comprar um terreno e sair da favela, mas que nesta área poderiam ser atendidas, mais ou menos, somente 300 famílias.

Discutiu-se em cima disto. Falou Luis: “Teremos que fazer uma seleção para ver quem precisa mesmo, quem já não tem terreno”, etc.

“Mas 300 são muito pouco!!!”

“O BNH é dos ricos”.

Falou Sr. Roberto (Favela Vila Dalva): “Quando as pessoas saírem para seus terrenos, teremos que demolir imediatamente os seus barracos, para sobrar espaço e podermos melhorar as condições do pessoal que permanecerá na favela”.

Logo em seguida, falou o representante de São Domingos, Sr. Narciso: “Vamos ter que fiscalizar nossas favelas”.

Sr. Raimundo (do Sapé): “No Sapé não dá para controlar”.

Aí entra Luis novamente: “Voltando ao assunto dos terrenos, nós vamos aceitar somente 300 famílias serem atendidas?”. “Os terrenos que Prefeito quer dar é onde Judas perdeu as botas”.

A população quer realmente que o Prefeito loteie os terrenos municipais onde já estão e um número maior de moradores poder ser atendidos pelo Fundo. (assunto este que levarão em discussão no dia 04/03 em assembleia com os moradores e, se preciso for, levarem ao Prefeito).

Entra o representante do Educandário: “O fim da nossa luta é melhoramentos para os favelados, principalmente para os nossos filhos”.

Em seguida chegou a Irmã Michael falando em nome dos padres da área e em nome da “Comissão dos Direitos Humanos”. Sugeriu que a população consiga uma cópia do projeto (Funap) e discutam em cima dele e façam até, se necessário, uma contra proposta. Sugestão esta acatada por todos. Após isto, vários representantes falaram sobre vários assuntos.

Perdeu-se a continuidade da discussão, dando fim à assembleia (16h00).

Assim, reuniu após os representantes, assistente social Maria Inês, um grupo de estudantes (que os vêm acompanhando), irmã Michael, prof. Alfredo e o presidente e advogado da União dos Moradores do Pirajussara para amarrar os assuntos discutidos.

Por ordem de assuntos:

– Conseguir uma cópia do projeto;

– Fazer fichas de todos os moradores solicitando terreno (para encaminhar ao Prefeito);

-Reunião dia 15/02 na Favela São Remo (igreja) para organizar os assuntos e também se preparem para a assembleia na São Judas no dia 16/02. A reunião do dia 15/02 será às 20h00 e somente os representantes.

No final (18h00), marcaram assembleia dia 04/03 na Igreja São Patrício, pretendem convidar deputados e vereadores.

Conseguir ônibus, pois, se preciso for, irão ao Gabinete do Prefeito.

Maria Inês e Maria do Carmo

(Verificar imagem DRS 43 e 44)

 

 

5ª reunião – dia 15/02

Local: Favela São Remo – Capela da Igreja São Patrício

Horário: 20h00 – 22h30

Participantes: Representantes das favelas, grupos de estudantes que atuam na área, presidente da União dos moradores do Pirajussara, prof. Alfredo (membro do Movimento) Paula Souza, Carminha, Maria Inês e Fernando.

 

Esta reunião tinha sido decidida no dia 11/02, na 3ª Assembleia. Quem iniciou os trabalhos e coordenou a reunião foi o Luis (favela São Remo). Foi distribuído aos presentes o 4º número do jornal da Associação de Amigos do Jardim São Remo. Em seguida foi distribuída para cada um dos presentes uma cópia da ficha elaborada pelos representantes segundo decisão da 3ª Assembleia.

Luis começou a refletir sobre a participação que os representantes deveriam ter na reunião do dia seguinte na Igreja de São Judas. Ele disse que a decisão a ser levada pelas favelas do Butantã era a de lutas pela permanência dos barracos nos locais onde se encontram. Falou-se que nessa reunião a imprensa também estaria presente. Luis insistiu que a participação dos representantes nessa reunião seria indispensável para que o movimento continue forte. A partir dessas reflexões houve a discussão que tomou a maior parte do tempo, sobre a permanência ou não dos favelados nas regiões onde moram; sobre desfavelamento e suas favelas (a que é feita e a que gostariam que fosse); os benefícios (água, luz, esgoto e etc.) que enraízam as favelas dando maior segurança quanto à permanência dos barracos no local.

Essa discussão, paulatinamente, passou a ser travada sobre o instrumental (a ficha de reivindicação) que será preenchida por todos os favelados ali representados. O resultado do levantamento será levado ao Prefeito para justificar a não aceitação da proposta do “Fundo” que só poderá atender cerca de 300 famílias.  As fichas comporão um quadro da situação atual dos barracos e do que os favelados desejam como solução.

Quando foram dadas as instruções para o preenchimento da ficha, houve a orientação de que só fosse preenchida por aqueles que tivessem documento. Após ponderação de várias pessoas, decidiu-se que todos os moradores deveriam preencher.

Durante toda discussão do conteúdo da ficha falou-se do problema “favela” e das investidas do Poder Público no sentido de acaba-las. Foi citado, nessa altura, o decreto do Prefeito sobre as áreas municipais ocupadas por “terceiros”. Os resultados das fichas, espera-se, deverá mostrar ao Prefeito que medidas mais profundas terão de ser tomadas para resolver o problema habitacional.

A ideia de se levar os resultados do levantamento ao Prefeito pareceu, desde o início da reunião, ser consenso dos representantes, pois em momento algum houve colocação formal da proposta nesse sentido. Parece ser assunto já decidido e a data será 07/03.

Na nova oportunidade de contato com o Prefeito, outros problemas serão levados: a luz será mesmo ligada ou não? Qual o impedimento que está ocorrendo?

Nesse momento, Carminha relatou a reunião realizada entre ela, o Dr. José Carlos e técnicos da Light S.A., na sexta-feira dia 09/02. Disse ela dos empecilhos levantados pelos engenheiros no que concerne às normas técnicas para a instalação de luz em favelas: Seria preciso arruamento e uma disposição racional dos barracos.

Ao mesmo tempo, foi colocado que o problema poderia não ser bem esse, visto que em outras cidades brasileiras a ligação de luz em barracos tinha sido efetuada. A discussão foi ampliada nesse momento com algumas colocações dos presentes como, por exemplo: “mas a Light não foi comprada pelo governo? ”; “se for o caso, no mesmo dia em que falarmos com o prefeito, poderemos ir até a Light para dar um ‘espante’ nos diretores”.

Durante a reunião, também se avaliou o recente aumento de ligações de água em favelas pela SABESP. Foi feita também uma intervenção de nossa parte para mostrar o ofício da SABESP que trata sobre ligação de água nas favelas.

O advogado colocou que existem “leis” e que estas “podem” ser feitas pelo homem, são feitas e podem ser modificadas. Foi colocado de tal forma que os representantes entenderam que eles (povo) podem mudar as coisas.

(Verificar imagem DRS 51 e 52)

 

Reforçou-se a Assembleia do dia 04/03 na São Patrício e também a ida do Prefeito no dia 07/03; para este dia deverão (os representantes) providenciar os ônibus (com cartas que nós – SURS- providenciaremos).

A reunião terminou às 10h30.

A reunião foi boa, amarrando-se todos os assuntos.

Nº de pessoas: Mais ou menos 30.

 

(Verificar imagem DRS 52)

 

 

Comentários:

Enquanto a população se movimenta e se organiza para a efetivação de suas reivindicações recebemos (PMSP) os processos de solicitação de luz. Todos indeferidos. Com estas informações a Adm. Regional e a Supervisora de serviço social estiveram no Gabinete / Prefeito falando com Luiz Felipe Batista sobre propostas de ligação de luz em favelas pela Light. Demonstrou-se a possibilidade (apesar da falta de condição técnica, segundo a Light) de se instalar luz em favelas.

Assim, isto foi feito: Uma proposta com todos os passos até ligação efetiva.

Para isso foi ao Rio de Janeiro, a assistente social Brites (Cadastro da SURS) apanhar a documentação necessária de como foi e é feita a instalação de luz nas favelas do Rio (existem 300 favelas com luz elétrica).

Esta demonstração foi anexada à proposta, juntamente com dados da SABESP e entregues à Luiz Felipe que prometeu discuti-la em reunião da CODESO.

 

6ª Reunião – dia 01/03/79

Local: SURS/BT

Horário: 19h30

Participantes: Representantes das favelas São Remo, São Domingos 1 e 3, Sapé, Vila Nova Alba.

 

Esta reunião teve como fim, informar aos representantes o “indeferimento” dos processos de solicitação de luz, referentes às outras favelas que não o Sapé (deferido).

Foi explicado que indeferimento se deu devido à um ofício do Sr. Sarmento (da Light) ao Sr. Prefeito, explicando o porquê da não ligação de luz nas favelas.

Leu-se para eles o documento do Rio a proposta de ligação de luz desta AR SURS e outros documentos.

Após estas leituras, várias colocações foram feitas por parte dos representantes quanto ao indeferimento nos processos. Isto veio fortalecer o grupo a se mobilizar para a contratação até o Gabinete do Prefeito, já que suas reivindicações não haviam sido aceitas quando da ida ao gabinete somente a comissão. Daí afirmaram a necessidade de se fazer concentração com todos os moradores, já que somente os representantes não tinham conseguido a resposta desejada quanto às reivindicações.

Começou-se a discutir os preparativos para o dia “07/03”: rodar mais fichas de reivindicação (já que nem todas as favelas haviam preenchido esta ficha); confecção de faixas (cada favela faria sobre um assunto); dinheiro (coleta) para o aluguel dos ônibus. Microfones, etc. Tudo para o dia 04/03 e 07/03. As favelas de São Remo, São Domingos e Sapé já haviam coletado algum dinheiro para o ônibus (dia 07/03).

Falaram sobre o convite aos vereadores e deputados do M.D.B para a Assembleia (dia 04/03).

Cada representante contrataria um jornal e TV’s para cobrirem a Assembleia (04/03).

Esta assembleia seria realizada para que se preparassem para a concentração e informassem a população do ocorrido nesta reunião com os representantes.

Aproveitou-se esta reunião para discutir o problema surgido na favela do Sapé quanto ao mutirão que vem sendo feito pelos moradores da favela e a oposição dos moradores da vizinhança. Falou-se sobre seus direitos aos espaços no bairro e sua impressão no meio urbano. A luta para não viverem isolados, marginalizados de todo o bairro onde moram.

Resolveu-se que moradores de outras favelas iriam ao mutirão do Sapé no próximo domingo. Discutiu-se sobre a necessidade de creches em todas as favelas, Falou-se também sobre a ligação de água.

Resumindo esta reunião propiciou discussão quanto à assembleia do dia 04/03 e a concentração do dia 07/04.

A reunião terminou às 23h00.

Número de participantes: Mais ou menos 30 pessoas.

Técnicos da SURS/BT: Maria do Carmo, Maria Inês, Ana Maria (VAMO), Silvia (UAFM) e Fernando.

 

4ª Assembleia dia 04/03/79

Local: Igreja São Patrício (Rio Pequeno)

Horário: 14h00

Participação das favelas unidas do Butantã

 

Não estivemos presentes nesta assembleia. Em reunião com os técnicos da SURS, decidiu-se que não deveríamos ir à esta assembleia. Que não era o momento, que não seria estratégico, etc., pela nossa situação de funcionários públicos.

As notícias que temos vieram pelos jornais, pelos representantes e moradores das favelas e pelo Professor Alfredo da Campanha Paula Souza.

Em seguida, os recortes dos jornais que noticiaram toda a assembleia.

 

Maria Inês

 

(Verificar imagens DRS 61, 63, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71,72,73,75,76,77,78,79)

 

 

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“Comentários”

Estão acontecendo reuniões nas favelas do Butantã e em outras favelas para se discutir sobre o Fundo. Acreditamos que mesmo os favelados estando contra o projeto, e ser essa mais uma medida conciliatória à nível habitacional, o fundo é mais uma conquista da população favelada, da mobilização da população, da continuidade do movimento das favelas pela reinvindicação da luz e água.

Foi devida e conquistado também pelos favelados, a participação de 2 deles nos Conselho deliberativo do FUNAPS.

(Verificar imagens DRS 80 e 82)

 

Páginas 85 – 90

7ª Reunião – dia 23/05/79

Local: SURS/ BT

Participantes: Representantes das Favelas: São Remo, São Jorge, Sapé, Educandário, II Centenário (São Domingos), Vila Dalva, técnicos da SURS, Companhia Paula Souza, estagiária de Paraisópolis.

Iniciamos a reunião colocando que poderíamos iniciar o processo de ligação de luz autorizado pelo Sr. Administrador Regional, por sua vez autorizado pelo Sr. Secretário de SAR. Portanto, precisávamos nos organizar para início dos trabalhos. O projeto deverá ser feito por nós mesmos, pois a Light não se propõe a fazê-lo.

Começamos dizendo das exigências da Light para a instalação:

  1. Formação de uma comissão para assumir a responsabilidade do pagamento das contas;
  2. Necessidade de um mapeamento das favelas;
  3. Eletricista credenciado pela Light para a execução da rede interna (ruas, vielas, etc.) das favelas; (a Light só faz a ligação nas ruas oficiais). Este eletricista deverá entregar a rede interna pronta (postes, fios, etc.). Daí a Light instala.

Nas favelas onde existem ruas oficiais próximas com postes facilita o trabalho. Em cada entrada destas ruas oficiais (a 40m) se coloca um poste com um medidor, deste poste estende-se para outros da rua interna.

Nas favelas que não tem ruas oficiais ou estas não possuem postes de luz, deverá se pedir à Light o mapeamento, estudo, etc., nestas ruas oficiais; para depois estender internamente a rede.

– Para a comissão que se responsabilizando pela conta propôs-se que: para cada medidor com 10 ou mais postes haja da comissão, com o nome de uma pessoa com toda documentação pessoal para vir na conta. Elaborar um documento (por eles mesmos) onde estas pessoas se responsabilizem pelo pagamento, e que cada comissão deverá entregar este documento à União dos moradores das Favelas (que se responsabilizarão pelo todo).

– Para o trabalho de estudo e projeto cadastramento dos barracos (numerados) contamos com a Companhia Paula Souza e estudantes voluntários da USP (engenharia), com a assessoria do Sr. Administrador. Teremos um mapeamento da SABESP que poderá subsidiar este estudo e contribuir. Este mapeamento conseguiremos com o eng. Hélio da SABESP (com o qual já mantivemos contato, quando da ligação de água). Falamos também com um funcionário da SURF – Cobes (que já fez um trabalho destes na favela de Heliópolis) para saber sobre as potencialidades de cada relógio. Devemos marcar um encontro dos estudantes com o Sr. Administrador que se propõe a ir à uma favela e explicar o início dos trabalhos.

– Quanto ao eletricista, este poderá ser providenciado pelos moradores das favelas, e o eletricista deverá passar pelo Sr. Administrador e pela Light.

Levantou-se algumas favelas que possuem ruas oficiais com postes como a da São Jorge, São Remo, Jd. D’Abril, Sapé, Vila Dalva, etc. Poucas não possuem.

No final da Reunião amarrou-se coisas imediatas a serem feitas:

6ª f. – Ir à Light (normas técnicas para ligação até 10 barracos);

3ª f. – Apanhar planta na SABESP;

3ª f. – Falar com Miguel de SURF (potencialidades dos relógios);

4ª f. – Marcar encontro dos estudantes da Poli – USP com Administrador Regional e visita às favelas;

5ª f. – Elaboração de cartas a serem encaminhadas aos representantes das favelas descrevendo as exigências para tal ligação;

5ª f. – Nesta mesma carta, marcar uma data para uma próxima reunião dos representantes, para continuidade dos trabalhos.

Esgotado o assunto “ligação de luz” nesta reunião, falou-se da “FUNAPS”. Da necessidade de se indicar no prazo de 10 dias os nomes dos representantes (2) de favelas ao Sr. Prefeito, para fazerem parte do Conselho Deliberativo de tal Fundo.

Este assunto deverá ser discutido em Assembleia das várias favelas da Grande São Paulo, no próximo dia 26/05/79 às 19:00 horas na Igreja Sta. Efigênia. Deverá ser discutido também nesta reunião a ida ou não ao Sr. Prefeito no dia 30/05/79; onde iriam reivindicar mais uma vez a ligação de luz.

Maria Inês

Pessoas presentes na reunião – + ou – 20 técnicos da SURS – Carminha, Maria Inês, Fernando.

 

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Reunião de Representantes de Favelas de São Paulo

Local: Igreja da Sta. Efigênia

Horário: 19:00 horas, dia 26/05/79

Participantes: + ou – 22 favelas representadas; vereadores, Companhia Paula Souza, SURS/ BT (Maria Inês, Fernando)

Assunto: Ligação de luz e água

Propostas para reivindicação:

  • Ir ao Gabinete do Prefeito dia 30/05
  • Uma comissão de cada favela ir às Administrações Regionais de seus bairros;

Alguns representantes colocaram que já estiveram em algumas Regionais e estas disseram que a autorização da luz deveria ser solicitada ao Prefeito.

Quanto à água a Sabesp tem até ligado os cavaletes, porém coloca o problema dos canos (precisa-se de muitos mais devido ao prolongamento).

Muitos colocaram que sentem mais do que a necessidade de água e luz, a posse da terra que estão, não se sentem seguros nos terrenos municipais.

Mais 2 propostas surgiram durante a reunião:

3 – Ir ao despacho dos Regionais com o Secretário de SURS às 2as feiras às 17:00hs no Gabinete

4 – Ir vereadores e comissão de moradores falar com os Regionais na 2ª feira (dia 4) e uma comissão ao Prefeito na 4ª feira (dia 30).

Após várias discussões, colocou-se as propostas em votação por aclamação.

Foi aprovada a 4ª proposta: “Comissão de Representantes na 4ª feira, dia 30, das 9:00 horas manhã no Gabinete do Prefeito no Ibirapuera e Comissão de Representantes na 2ª feira dia 04/06 às 17:00 horas tarde no Gab/ do Secretário em despacho com os 17 Adm. Regionais (acompanhados por vereadores do M.D.B).

Marcou-se nova reunião destes representantes dia 09/06 – 19:00 horas – Igreja Sta. Efigênia – resposta do Prefeito e um I Congresso de Favelas.

Maria Inês

 

Página 93 – 94

Reunião – dia 27/05/79

Local: E. M. na Favela de Paraisópolis

Horário: 18:00 horas

Participantes: Moradores da Favela de Paraisópolis, estagiária, Companhia Paula Souza, SURS/ BT (Maria Inês), D.A. PPUC (Josué)

Iniciou-se a reunião discutindo-se sobre a ida de uma comissão à EMURB diante da ameaça de desapropriação de uma parte da favela (+ ou – 400 barracos) que a EMURB se propõe a fazer (já fizeram o cadastro dos barracos).

Esta comissão deverá ir verificar concretamente o que a EMURB pretende realizar nesta área; e, a partir daí os moradores se mobilizarem para tomar uma posição.

Discutiu-se muito o assunto, sentindo-se o imediatismo de se resolver isto, que vem deixando os moradores angustiados e inseguros, inclusive a participarem de qualquer movimento de favelas. Todo o tempo da reunião foi tomado discutindo-se a saída ou não da área.

A ligação de luz, falou-se rapidamente (devido ao tempo já transcorrido) e conseguiu-se amarrar representantes da favela que irá ao Gab/ Prefeito no próximo dia 30/05 juntamente com outras favelas de São Paulo. Elaborou-se uma carta que será entregue ao Sr. Prefeito. Ficamos de retomar a questão da ligação de luz com mais tempo em reunião marcada para o próximo domingo.

Quanto à ligação de água, já estão providenciando abaixo-assinado e ofício a ser entregue por uma comissão à SABESP.

Terminamos a reunião com um certo esvaziamento na sala, pois o processo de movimento desta favela inicia-se neste momento.

Maria Inês

 

(Verificar imagens DRS 95, 96)

 

Página 97

Reunião: 30/05/79

Local: AR/ BT

Horário: 17:30 horas

Participantes: Maria Inês, Administrador Regional, Companhia Paula Souza, estudantes de engenharia da Poli/USP

“Início do projeto físico de instalação de luz”

O grupo de estudantes da USP fará o estudo e planejamento, mapeamento das favelas onde será instalada a rede elétrica. Iniciarão (com a assessoria do Administrador e engenheiro da AR/BT), como experiência piloto, o estudo da favela do Jd. Pinheiros que é pequena e já tem algumas das etapas feitas: alguns postes, etc.

Será levantado em cima do mapeamento e cadastro dos barracos a demanda total de watts a ser consumida na favela. Isto deverá ser feito em cada barraco e se ter o total, esta demanda total é uma exigência da Light.

(Verificar imagens DRS 99,100, 101, 102)

 

Verificar…falta a página 98

Página 103 – 106

Reunião com os representantes das Favelas Unidas do Butantã e com os grupos envolvidos na ligação de luz do próximo dia 06/06/79 às 19:30 horas na Supervisão Regional de Serviço Social do Butantã.

Participantes: Representantes das Favelas: Jd. Jaqueline, Vila Dalva, São Remo, Paraisópolis, V. Nova Jaguaré, Jd. Cambará, Educandário, Jóia, Centenário, Jd. Pinheiros, Sapé, Vila Nova Alba, Jd. São Jorge, Jd. D’Abril. Técnicos da SURS – Vilci, Marilucia, Maria Cecilia, Fernando, Maria Inês, Estela, Denise. Companhia Paula Souza – Alfredo. Estudante da USP: Helio

Iniciamos a reunião colocando o trabalho que já vinha sendo feito na favela do Jd. Pinheiros de ligação de luz, servindo esta como 1ª experiência – tanto para se verificar se o grupo de trabalho conseguirá executar todo o estudo, como também para confirmar se a Light realmente irá fazer a ligação. Depois faríamos uma de cada vez já que o grupo não poderá executar este trabalho ao mesmo tempo em todas as favelas do Butantã.

Os favelados insatisfeitos com a provável demora de todo esse trabalho em todas as favelas até se efetivar a ligação, levantaram a proposta de ir numa comissão à Light solicitar desta um grupo especializado para fazer todo o levantamento necessário para a instalação de luz.

Um outro representante achou melhor aguardar as experiências do Jd. Pinheiros.

As 2 propostas foram levadas em votação por aclamação e a mais votada foi a de pressionar a Light: “Uma comissão ir até a Light solicitar dela este estudo”.

Marcaram para o próximo dia 18/06 às 9:00 horas acompanhados de um vereador do M.D.B. Irão se encontrar na Igreja São Patrício, de onde irão até a área II do Jaguaré, que é a área da Light que atende o Butantã.

Ainda em relação a Ligação de Luz, os representantes das Favelas irão até o Gabinete do Secretário da Administrações Regionais, no próximo dia 11/06/79 (2ª feira) às 17:00 horas quando do despacho do Secretario com os 17 Administradores Regionais. Isto será feito para se ter uma posição única de todos os 17 Administradores; que são os autorizados a encaminhar à Light a autorização para a ligação da luz.

Passamos para o 2º assunto do dia, que é a representação dos 2 favelados no Conselho Deliberativo do “FUNAPS”. A maior parte deles já conhece o “FUNAPS”; muitos não aceitavam este projeto, porém viram agora que foi uma vitória (ainda que não total) deles mesmos, da luta e da união dos favelados. Assim, consideram que deverão continuar lutando por isto, se fazendo representar.

Decidiram eleger estes representantes atendendo a alternativa a) para atender aos critérios do Decreto (ver págs 81, 82, 83).

Esta eleição não será feita somente com as favelas do Butantã, como se estenderá as favelas da Grande São Paulo. O convite às outras favelas será feito na reunião da Igreja Sta. Efigênia no próximo sábado (dia 09/06). Fazer divulgação na Imprensa sobre a Assembleia.

Decidiram levar o nome de um dos representantes do Butantã a ser referendado na Assembleia Geral.

Houve votação: o critério foi o voto secreto. Cada um dos participantes votou em um representante. Contamos os votos e o eleito foi o representante da Favela São Remo: Luis Carlos Viotti. O mesmo deveria ir à Cobes/ Coordenadora/ Gabinete acompanhado de um vereador avisar da Assembleia a ser realizada. Marcaram este contato para o dia: 07/06/79.

A Assembleia ficou marcada para o próximo dia 14/06/79 às 14:00 horas, local a ser escolhido na reunião da Igreja Sta. Efigênia (09/06/79).

Havia nesta reunião + ou – 70 pessoas.

Maria Inês

 

Página 107 – 108

Reunião dia 09/06/79

Local: Igreja Sta. Efigênia

Participantes: Favelas: do Butantã; Cidade Líder; Sto. Amaro; São José; Pq. Bristol; Sta. Terezinha; São Miguel; Aeroporto; V. Formosa, etc.

Luís falou sobre a ida ao Gab./ Secretário SAR;

Altimo Lima (vereador M.D.B.) fala sobre projeto encaminhado ao Presidente da República: que 3% da Loteria Federal seja destinado ao desfavelamento (FUNAPS)

Quanto à ida ao Gab./SAR: 1 representante de cada favela do Ibirapuera às 16:00 horas (dia 11/06);

Discutiu-se a representação ou não dos 2 favelados no Conselho Deliberativo do FUNAPS. As favelas pedem tempo para entenderem o projeto e escolherem seus representantes.

– Proposta de Frei Alamiro: – formar-se um Centro de Defesa dos Favelados:

– Marcou-se nova reunião dia 30/06/79 às 19:00 horas na Sta. Efigênia; discutir-se concretamente como conseguir a luz e a água e a posse da terra (fazer propostas concretas).

Houve eleição quanto a eleição imediata dos 2 representantes ou aguardar um tempo. Os votos estavam divididos; também se discutiu se Butantã assumiria sozinho a eleição. Preocupados com uma divisão resolveu-se que o assunto será discutido melhor e votado no dia 30/06/79, quando então todos os representantes das Favelas deveriam levar às suas bases como se proceder para tal representação ou não representação.

A votação foi adiada principalmente em se preocupando com uma divisão e não união de todas as favelas de São Paulo.

Desmarcou-se a assembleia do dia 14/06/79.

Proposta para o dia 30/06 caso elegem seus 2 representantes: uma comissão que ficará entre os 2 representantes e toda a base da população favelada. Uma comissão de pelo menos 1 favelado por cada favela.

Havia nesta reunião 40 favelas representadas.

Maria Inês

Página 109 – 111

Reunião dia 10/06/79

Local: Favela Jd. Pinheiros (galpão)

Horário: 10:00 horas

Participantes: Maria Inês; Léo (Companhia Paula Souza), e os 23 moradores da favela.

Foi explicado aos moradores o processo de ligação de luz. E que todo o gasto em material caberia aos moradores.

Dividiu-se a favela em duas partes: a de cima (8 barracos) e a de baixo (13 barracos). Levantou-se o no. de bicos e tomadas de cada barraco. Foi perguntado para um morador de cada vez. Através deste levantamento sabe-se quantos watts irá consumir cada barraco, daí a soma de todos para encaminhar à Light.

A favela tem somente uma entrada, vai se abrir outra para servir a parte de cima da favela.

Foi feito um levantamento físico: deverá ser colocado 4 postes na parte de cima, a partir da entrada até os barracos (extensão interna). O mesmo acontecerá na parte de baixo. Os postes deverão ser e eucalipto pois de concreto encarece muito. Em cada poste da entrada deverá estar a “caixa de watts”. Esta caixa também será paga pelos moradores e deve custar + ou – CR$ 900,00. Feito os cálculos. Feito os cálculos empiricamente por um funcionário da Light (Xico, não sei não, convidados pelos moradores) cada morador gastará entre postes, fios, caixas, etc., o valor de CR$1.000,00 a CR$1.300,00 cada um. E a conta por mês da luz ficará no valor de CR$70,00 a CR$100,00.

Perguntamos por várias vezes se todos poderiam pagar pelos materiais necessários a ligação. Somente um sr. de idade não poderá fazê-lo; porém os outros moradores se propõem a pagar sua parte. A conta do mês ele poderá pagar.

Portanto, esses cálculos serão novamente feitos pelos estudantes de eng. (Léo da Companhia levou os dados para o grupo estudar melhor).

O funcionário da Light ficou de providenciar um eletricista para assinar o certificado que deverá ser entregue à Light. Devemos verificar junto ao fiscal da Light que vistoria a caixa, se o do poste da entrada de baixo poderá ficar a mesma ou se deverá ser trocada. (caixa – J- ) (telefone Xico: 491-5037 – Taboão Serra).

O pp. Xico juntamente com os moradores colocarão os postes e farão a extensão dos fios de um poste para outro e para os barracos.

Deveremos encaminhar à Light a autorização (Sr. Administrador) com a rua da Favela Jd. Pinheiros, autorizando a ligação nesta favela. Para cada favela se fará uma autorização. Juntamente com a autorização deverá se encaminhar o ofício do certificado do eletricista credenciado.

Marcamos nova reunião para o dia 24/06 (domingo) às 14:00 horas no galpão na própria favela. Nesta reunião pretendemos que cada uma das 2 comissões (a dos barracos de cima e dos barracos de baixo), elegem seus representantes um por cada comissão. Estes 2 nomes é que deverão ir à Light para a conta de luz.

Marcamos algumas idas a favela antes do dia 24/06 para irmos conversando com os moradores.

 

Maria Inês

(Verificar imagens DRS 113, 114)

 

Página 115

Reunião com os representantes das Favelas Unidas do Butantã e com os grupos envolvidos na ligação de luz no próximo dia 21/06/79 às 19:30 na Supervisão Regional de Serviço Social do Butantã – Rua Ulpiano Costa Manso, no. 201.

Participantes – Favelas representadas: Sapé, São Remo, São Domingos, Educandário, Jd. D’Abril, Paraisópolis, Vila Nova Alba, Jd. São Gabriel, Jaguaré (Av. Nossa Sra. Da Paz e Praça Virtudes, Jd. Esmeralda, estudantes da USP.

Colocamos que com a ida da comissão de representantes à Light no último dia 18/06 e que está só estaria aguardando a autorização do Administrador Regional para ligarem a luz, e que não necessitavam de estudo algum (este estudo é para uma melhor organização da distribuição interna da rede, o que vem sendo feito na favela Jd. Pinheiros, e que será demorado se formos fazê-lo em todas as outras favelas pelo nº pequeno de elementos voluntários para efetuá-lo). Portanto, que a autorização seria dada imediatamente. Esta será dada para cada favela com um croqui delimitando a área municipal onde se localizam as diferentes favelas. Leu-se a minuta do ofício a ser encaminhado à Light, elaborado e assinado pelo Sr. Administrador.

Colocou-se as 2 propostas:

1 – Se esta autorização deveria caber à União de cada favela (burocratizando e demorando um pouco todo o processo); ou

2 – Se seria dada à pessoas, independente da União (o que seria mais rápido).

Em votação por aclamação, os representantes decidiram que seria a União a controlar e organizar esta distribuição interna da luz. Eles mesmos farão um pequeno estudo de duas favelas, o que os orientará a formar as comissões de 10 ou 15.

Portanto, para as favelas menores onde não existe a União e nem mesmo o interesse em formá-la, será uma pessoa eleita pelos demais que assumirá a organização e também a conta seu nome.

Assim, caberá neste momento a nós técnicos de SURS e à AR (Sr. Administrador) a elaboração dos ofícios e croquis delimitando a localização das áreas municipais onde se encontram as favelas e encaminhá-las à Light. Marcou-se um contato com o Dr. Ecichi da Light para entregarmos pessoalmente esses ofícios.

Após isto, os interessados se dirigirão à Light e farão todos os contatos necessários.

Os representantes deverão providenciar o eletricista credenciado para se responsabilizar pela ligação e para orientá-los na parte técnica (colocação de postes, fios, watts, etc.).

Às pessoas interessadas deveremos encaminhá-las à União.

Pensamos também na elaboração de uma cartilha para todos os moradores das favelas para orientação do uso da energia elétrica em seus barracos.

Marcou-se esta reunião para o próximo dia 28/06/79 às 19:30 hs na SURS, onde com os representantes será elaborada esta cartilha (colocar também a distribuição da água, dos cavaletes, etc. colocados pela Sabesp).

 

Técnicos da SURS presentes: Carminha, Vilú, Fernando e Maria Inês.

Reunião dia 24/06/79

Local: Favela Jd. Pinheiros (Galpão)

Horário: 14:00 horas

Participantes: SURS (Maria Inês), Campanha Paula Souza (Damico e Eduardo) e os moradores da favela.

Iniciou-se colocando que após um estudo mais profundo, seria mais barato que se fizesse somente uma entrada (1 poste na rua oficial para se fazer a extensão da rede interna). Esta rede interna assumida totalmente pelos moradores, com orientação dos estudantes e do eletricista (a ser providenciado pelo Xico, funcionários da Light).

Fez-se novamente o levantamento de quantos bicos e tomadas seriam colocados em cada barraco. A conta de luz será paga de acordo com o número de bicos e tomadas de cada um. Para esta divisão será feita uma tabela que os orientará (num primeiro momento os estudantes os orientará em como fazer uso delas).

Fez-se o cálculo de quanto cada barraco arcaria neste primeiro momento (da compra de todo o material). O valor foi desde CR$1.0000,00 (2b+2T) à CR$375,00 (1b+1T). Apenas 3 moradores não poderiam assumir nem esse mínimo. Portanto, os outros moradores se responsabilizaram em dividir entre eles, a conta dos 3 moradores.

Elegeu-se um representante para o nome na conta e que deverá todo final de mês apresenta-la as demais para os devidos pagamentos. O nome eleito foi do sr. João Pascoal da Paz, morador do barraco no. 22B.

Também até o dia 15/07/79 deverão todos entregar o dinheiro do sr. João, marcamos uma próxima reunião para este dia, às 14:00 horas no galpão da favela.

 

Maria Inês.

Reunião dia 28/06/79

Local: SURS/BT

Horário: 19:30 horas

Participantes: Representantes das favelas Paraisópolis, São Domingos (Góia), Campanha Paula Souza (Alfredo), SURS/BT (Nobriko, Carminha, Maria Inês, Vilú, Marilúcia), Monitor Mobral.

Elaboração da cartilha “Instruções para a ligação de luz”.

Os representantes levantaram algumas regras e nós, outras, discutindo cada uma delas. Esta cartilha deverá ser ilustrada para maior entendimento.

Será distribuída à todos os moradores das favelas. A reprografia ficará a cargo de SURS.

Colocamos também que a Light – área II não havia aceito a autorização da Prefeitura, como foi solicitado na última reunião dos representantes junto àquela companhia. Que esta companhia havia marcado uma reunião…

 

 

 

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